As vinhas do Douro…

Uma parte de mim, a família da minha avó materna é do Douro, mais precisamente de São João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião.

Claro que esses laços criam com essa região, um carinho muito particular com as suas gentes e cultura(s).

As histórias que a minha avó contava eram de trabalho e entrega à terra e à vinha. Por vezes, desde a mais tenra idade até.

Ainda, hoje, quando visito os meus familiares, consigo ver o brilho nos seus olhares quando falam das suas vinhas, apesar do árduo trabalho a que tal obriga.

Julgo que haverá poucas regiões onde esta ligação seja tão intensa.

O Douro, apesar de ser uma região tão íngreme, tem a maior área do mundo, em montanha, de vinhas, cerca de 43.000 hectares.

Embora existam neste momento as chamadas vinhas novas, nas quais já se verifica uma maior mecanização, em grande parte as uvas são inteiramente colhidas à mão pois nada desses processos são possíveis.

As uvas são, portanto, cultivadas em encostas, onde estão expostas ao calor no verão e ao frio e humidade no inverno, em solos frequentemente pobres, cobertos de xisto poroso ou ardósia, o que obriga as raízes da videira a penetrar e cavar profundamente na sua busca por água.

Mas a videira é mesmo assim. Resistente. Consegue até desenvolver-se, onde a maioria da agricultura não o conseguiria.

Mas tal não impede do Douro ser considerada uma das grandes regiões vinícolas do mundo pela qualidade dos seus vinhos.

A localização geográfica também ajudou, pois desde muito cedo, famílias estrangeiras influentes estabeleceram-se em Portugal e tiraram proveito do facto do rio Douro facilitar o transporte dos vinhedos.

A ligação com o Rio é intensa.