Barroso, Concelho de Boticas, Portugal

Pelos lados do Eiró…

Já foi sede da freguesia, durante várias décadas, com a designação de São Salvador do Eiró.

Só em 1953, é que se processa a transferência da sede da freguesia para Boticas e passa, portanto, a ser um dos seus bairros.

Está localizado numa zona, muito privilegiada, perto da Serra do Leiranco, onde beneficia da sua excelente exposição virada para Nascente e protegido do vente Norte.

Edifícios, monumentos e algumas casas ainda recordam os tempos de outrora, mostrando, bem, a importância deste bairro no passado.

Tendo como padroeira Santa Bárbara, invocada como protetora por ocasião de trovões, a sua Igreja é uma dessas provas.

Construída nos princípios de século XVII, restaurada e ampliada em 1819, esta chegou, mesmo, a ser a igreja paroquial.

Em instalações, outrora pertencentes à Igreja, existiu um colégio, onde os jovens do concelho estudavam até ao aparecimento da Escola Preparatória de Boticas.

Junto à Igreja e onde, ainda hoje, se realiza a festa do Eiró, existe o largo de São Salvador.

Um cruzeiro, todo em granito, construído sobre um afloramento rochoso, continua a ser um dos pontos apreciados no Eiró.

As ruas continuam a ser características, apresentando-se estreitas e onde, em algumas, só é possível passar a pé.

Pequenos pormenores relembram a arquitetura de outrora, tais como os “passadiços” que permitiam a passagem, entre as casas, de um lado para o outro da rua.

Bem como algumas das tradições como a lavagem da roupa no lavadouro público, onde as destemidas lavadeiras barrosãs ensaboavam e esfregavam, mesmo em dias de muito frio.

Conhecida por ser uma zona de água e com qualidade, ainda hoje, é possível colher esta numa fonte subterrânea, existente há muito e que, de forma a poder continuar a servir as pessoas, contou com algumas obras de recuperação.

E para acabar, nada melhor do que o fazer com as palavras do escritor e filho da terra, Joaquim Gomes Monteiro, do livro “Feras no povoado”


A veneranda freguesia do Eiró, situada na falda meridional do Leiranco, continua a ser, com pequena diferença, o que era há duzentos anos. Hoje, quem trepar ao planalto barrosão, encontrara ainda a brenha selvagem dos tempos de Nuno Álvares, que segundo a tradição, ali teve senhorios…”

Gomes Monteiro

2 opiniões sobre “Pelos lados do Eiró…”

  1. Muito obrigado pelo texto e fotos. Nasci no Eiró em 1954, após um ano de ter deixado ser freguesia, daí Boticas ser o meu concelho e freguesia. O Eiró sempre me cativou nos meus primeiros anos de vida, a vila apenas representou o ir para a escola, perto da igreja da senhora da livração. Sensibilizado e emocionado, pois fui para Lisboa fazer sete anos. Voltei algumas vezes já adulto e com família constituída, mas não me reconheci e não conheci ninguém, apenas lugares como o do Cruzeiro, pois era a metros da humilde casa dos progenitores. As desculpas de tão extenso comentário.

    Albísio Fernandes Magalhães

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