Arquitetura, Arte, Água(s), Cultura, Dicas e truques, França, Gastronomia, História, Honfleur, Igreja, Literatura/Poesia, Música, Monumentos, Muralha, Museus, Normandie, Património, Património Cultural Imaterial, Património Cultural Material, Pintura/Escultura, Ponte, Rio Sena, Rios, Turismo

Roteiro por Honfleur…

Foi nas margens do Rio Sena que eu descobri uma das localidades mais bonita e o melhor da minha viagem à Normandia, Honfleur.

Já tinha visto algumas fotografias desta cidade, mas confesso que nunca pensei que fosse tão linda. Um presente.

Cheguei um pouco antes da hora de jantar e percebi logo que o melhor que eu fazia era estacionar o carro e não me preocupar mais com ele até partir. Assim fiz.

Afinal é uma cidade tão pequena, que o que vale, mesmo, a pena é percorrer as suas ruas e ruelas a pé.

Instalei-me no hotel e fiquei encantada com a vista do meu quarto, sobre o Bassin de l’Est.

Ainda gostei mais quando no dia seguinte acordei cedo e pude apreciar o acordar de uma cidade muito calma e bonita.

Era hora de jantar e queria frutos do mar, pois estes e a Normandia têm tudo a ver.

Não foi difícil encontrar onde, pois Honfleur tem uma quantidade enorme de restaurantes com uma oferta de frutos do mar muito variada.

Acabei por escolher um restaurante no centro da cidade, na Rue de la Ville, com uma grande esplanada pois o calor ainda apertava e, onde a minha opção foi “Moules Frites”, o prato mais popular na cidade, que são mexilhões com batatas fritas. Existem vários molhos, e eu acabei por escolher à normanda, em que os mexilhões são cozinhados com cidra e bacon, uma delícia.

Tudo estava a correr muito bem e ainda não tinha sequer começado a visitar os pontos da cidade que eu tinha identificado como a não perder.

A maior surpresa estava, no entanto, guardada para depois de jantar, com o início da visita.

Le Vieux Bassin (o velho porto)

Antiga cidade portuária, do século XIX, Honfleur tem mais de mil anos de história.

Localizada próxima da foz do rio Sena é, assim, a última cidade da França antes que o rio chegue ao oceano, o que fez com que o seu porto se tornasse uma das principais bases de comércio marítimo da região.

A sua localização tinha, ainda, importância estratégica e de defesa contra invasões inglesas.

Foi, portanto, à volta deste porto, que tudo se desenvolveu ao longo dos tempos, é o ponto principal do centro histórico e o local por onde iniciei a minha visita.

E, também, foi aqui que me apaixonei, de imediato, por Honfleur.

A imagem dos barcos, a arquitetura normanda dos prédios, o seu reflexo na água, dava ideia de que estava perante um cenário de contos de fadas.

Fiquei, assim, apenas a observar e foi bom.

Os edifícios são do século XVII e XVIII, pertencentes aos ricos da época, que viviam da pesca do bacalhau e da venda de escravos.

Estão, portanto, ali há séculos, casas estreitas e altas, muitas delas com as fachadas principais cobertas de ardósia, para a maresia não estragar a madeira da construção e que acolhem, hoje em dia, no piso térreo restaurantes, bares, galerias de arte, entre outros.

Honfleur foi uma das poucas cidades da Normandia que não foi, duramente, bombardada e destruída durante a 2ª Guerra Mundial, conservando intatos muitos de seus prédios históricos.

O porto tem formato retangular, com 3 dos seus lados ocupados por edifícios e um quarto lado onde uma ponte móvel, que permite a entrada e as saídas dos barcos, também serve de passagem às pessoas.

Também no Le Vieux Bassin é possível ver a igreja mais antiga de Honfleur,a igreja de St Etienne.

Atualmente funciona como o Museu Marítimo da cidade.

O seu acervo conta com itens de construção naval, artesanato e pesca dos séculos XVIII e XIX.

Junto à igreja, localiza-se a “Rue de la prison”, que foi a que eu mais gostei e onde se pode visitar o Museu Etnográfico de Honfleur.

Na região do porto, também, está situado o “Hôtel de Ville” (câmara municipal) e o carrossel de Honfleur.

La Lieutenance (a antiga casa do governador de Honfleur)

Junto ao Vieux Bassin, localiza-se um dos edifícios mais bonitos e emblemáticos de Honfleur, La Lieutenance.

Era a antiga casa do Governador da cidade,onde este viveu no século XVII.

É um dos únicos vestígios da altura em que a localidade era amuralhada.

Foi a partir de Honfleur que muitas expedições francesas partiram em direção ao continente americano.

Em 1608, Samuel Champlain parte deste porto e a viagem acaba por dar origem à cidade de Quebec no Canadá, o que é um motivo de orgulho muito grande para Honfleur e motivo de reconhecimento e agradecimento na torre deste edifício.

Celeiros de sal

Uma das construções mais emblemáticas de Honfleur são os antigos celeiros de sal, os chamados “greniers à sel”.

Estes eram utilizados para guardar sal e chegavam a armazenar 10000 toneladas dele, que era utilizado para a secagem do bacalhau, para que o peixe se conservasse mais tempo.

De três celeiros, construídos em 1670, apenas restam dois, mas que têm como finalidade, atualmente, acolher exposições e eventos na cidade.

Já era tarde quando fui descansar.

No dia seguinte acordei cedo e aproveitei para caminhar junto ao Bassin de l’Est até ao Vieux Bassin. Lindo…

Voltei a percorrer os vários locais do dia anterior, agora com mais luminosidade.

Igualmente bonito.

Igreja de Santa Catarina

Já a queria visitar no dia anterior mas a hora tardia de chegada não proporcionou.

A Igreja de Santa Catarina é a maior igreja francesa construída toda em madeira.

Localiza-se no local de uma antiga igreja de pedra, que fora destruída durante a Guerra dos 100 anos e erguida pela população de Honfleur, no século XV, ou seja há mais de 500 anos.

Entrei para apreciar o trabalho dos artesãos.

Com prática na construção de barcos, acabou por ser construída na forma de um duplo casco invertido, como se de barcos se tratasse.

A sua torre sineira, não está ao lado da igreja mas sim separada.

Localiza-se na Place Sainte Catherine, em frente à igreja, com a intenção de prevenir incêndios.

A arquitetura normanda das casas

Tal como já referi anteriormente, o facto de Honfleur ter sido um pouco poupada durante os bombardeamentos da segunda guerra mundial, permitiu manter muitas das habitações com a arquitetura característica da região.

Assim, ao passear pelas ruas de Honfleur é possível apreciar um sem número de casas com vigas de madeira, muitas vezes coloridas, na sua fachada principal.

Honfleur e a Arte

Honfleur, também, é conhecida por ter acolhido vários artistas, bem como por ser a inspiração de diversos pintores impressionistas, que gostavam de pintar as suas paisagens pitorescas de vila de pescadores.

A cidade reconhece o carinho e agradece, publicamente, a opção de todos estes artistas.

Ainda hoje, em praticamente todas as ruas existe, pelo menos, uma galeria de arte.

Mas nem só de pintura e/ou escultura vive Honfleur, a música, também, é destacada com um museu dedicado ao pianista Erik Satie, natural da cidade.

E foi perdida em todas estas descobertas que terminei a minha estadia nesta bela cidade.

Não me apetecia ir embora pois percebi que Honfleur tem vários encantos que nem sempre são fáceis de encontrar.

É uma cidade bela, onde a história e a arte (tudo o que eu gosto numa viagem) andam de mãos dadas.

Em Honfleur, fui surpreendida do início até ao fim, por isso, espero um dia regressar.

Deixe um comentário