Barragem, Barragem do Alto Rabagão, Barroso, Concelho de Montalegre, Criande, Freguesia de Morgade, Portugal

Criande, a Terra dos Colonos…

Recordo que quando eu dizia ao meu avó que ele vivera em Morgade, ele corrigia-me logo e dizia “Em  Morgade não, em Criande“.

Eu achava que era mais um preciosismo da sua parte e que no fundo tudo se poderia considerar como a localidade de Morgade, mas com o tempo percebi que ele tinha razão e, que apesar de ser muito pequena e mais recente, a povoação de Criande tinha vindo para ficar.

E assim permaneceu e ficou, passando a ser conhecida como a Terra dos colonos.

Terra que eu muito prezo e onde gosto de estar, sempre que possível.

É claro que quando Salazar decidiu entregar casas completamente novas e terrenos que pertenciam à aldeia, a pessoas, oriundas de vários pontos da região, que os pretendiam trabalhar, os locais nem sempre viram isso com bons olhos.

Mas com o tempo, as relações normalizaram e viveram-se tempos de grande convívio, com os filhos a partilharem as mesmas brincadeiras, na mesma escola.

Os colonos, para além de outros cultivos, dedicaram-se à produção de batata, principalmente à de semente.

Foram tempos em que a palavra “trabalho” era, portanto, a palavra de ordem para estas pessoas. Mas para as quais, este, também, veio associado às amizades que se criaram e que, ainda, hoje perduram, às histórias criadas e que perduram no tempo e, por isso, tempos que surgem, até hoje, associados à saudade.

As casas eram, em granito, todas iguais e foram construídas e equipadas de forma a dar resposta à lavoura.

Eram compostas por uma grande cozinha, devidamente equipada com lareira e forno, vários quartos e em anexo tinham estabulos para animais, os mesmos que eram necessários para trabalhar os terrenos.

Quando a barragem dos Pisões, tal como é conhecida por cá, foi construída e inundou os terrenos à volta, parte dos colonos abandonou Criande.

Os que ficaram, após o 25 de Abril de 1974, viram a sua teimosia ser recompensada, pois foi-lhes dado vários hectares de terreno e duas casas.

O tempo, veio mostrar que Criande acabou por resistir e ficar mesmo como esta pequena localidade do concelho de Montalegre, associada a Morgade, de casas graníticas à beira da barragem dos Pisões e onde gosto, tanto, de me refugiar, sempre que tenho algum tempo.

Gosto de imaginar toda aquela agitação pelas ruas fora, tão característica deste tipo de bairros ligados ao trabalho agrícola.

Gosto de caminhar pelas suas ruas, observando e apreciando os pormenores, e, desta forma, criar uma ligação com a memória da localidade.

Ruas que terminam todas da mesma forma bela e poética, nas águas da barragem.

E gosto de levar a máquina, pois de Criande conseguem-se bons ângulos para fotografar a barragem dos Pisões e toda a sua envolvência.

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